O terceiro dia do Summit Mobilidade Urbana trouxe debates sobre o impacto do setor na qualidade de vida das pessoas.
O terceiro dia do Summit Mobilidade Urbana 2021 passou e também trouxe consigo muitas discussões relevantes dos tempos em que vivemos.
Com diversos painéis, comentaristas e até mesmo palestrantes internacionais, o terceiro dia trouxe o tema mobilidade e cidade para suas mesas.
Planejamento urbano e mobilidade
A primeira mesa do dia foi composta por:
- Alejandra Maria Devecchi, Gerente de Planejamento Urbano da Rumboll no Brasil;
- Gustavo Partezani Rodrigues, Diretor do Instituto Urbem;
- Larissa Campagner, Diretora de Desenvolvimento da São Paulo Urbanismo;
- Marcus Regis, Coordenador-Executivo da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica.
O mediador foi o jornalista Paulo Fávero, do Estadão.
O objetivo dessa primeira mesa era entender como o urbanismo e a mobilidade podem auxiliar as pessoas a viverem melhor e também tornar as cidades mais inclusivas.
O primeiro ponto abordado foram os Planos Diretores.
Plano Diretor é um mecanismo legal dos municípios, que visa guiar a ocupação do solo urbano, levando em conta as necessidades e demandas da cidade e da sociedade.
Ou seja, é o instrumento mais importante do planejamento urbano dos municípios.
Foi pontuada a importância da revisão do Plano Diretor de uma cidade, para que ele esteja de acordo não somente com as novas posturas de desenvolvimento sustentável e inclusão, mas também com o próprio aumento populacional.
Mobilidade não é só oferecer transporte. Para que a mobilidade possa de fato melhorar a vida das pessoas é preciso rever o uso e ocupação do solo, melhorar a qualidade do espaço público, reduzir trajetos. Uma forma de fazer isso é levando mais empregos para as áreas onde há muita gente morando, geralmente as periferias.
Larissa Campagner
O conceito que fica destacado é que um bom planejamento urbano para a mobilidade, é aquele que te permite se deslocar a menor distância possível para realizar suas atividades.
Cidade de 15 minutos
Alinhado ainda ao pensamento da mesa anterior, o segundo painel do dia trouxe a palestra do pesquisador e professor Carlos Moreno, da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne, na capital francesa.
Moreno traz sua experiência e estudos a respeito do conceito da “cidade de 15 minutos.”
Esse conceito consiste na adaptação do planejamento urbano de uma cidade, ao ponto de uma pessoa poder ter todas as atividades, facilidades e diversidade de construções urbanas ao seu alcance em trajetos de no máximo 15 minutos.
Essa teoria já tem sido considerada por diversas cidades ao redor do mundo, pois levaria a um grande avanço da qualidade de vida da população e ao auge da mobilidade urbana.
Uma das medidas possíveis para tornar real a cidade de 15 minutos, é a alocação de mais zonas residenciais centralizadas ou nos centros das cidades, oferecendo trabalho, escola, saúde e diversão nos arredores.
Essas mudanças também contribuiriam para a redução da emissão de carbono, já que reduziriam drasticamente o volume de veículos motorizados nas ruas.
Moreno também destaca que as mudanças, pautadas no impacto social, econômico e ambiental, são sim possíveis como fica claro no exemplo da capital francesa.
Urbanismo, transporte e desigualdade
A terceira mesa, aprofundou a discussão sobre como a concentração desigual das populações ricas e pobres tem impacto negativo na mobilidade geográfica. A mesa era composta por:
- Glaucia Pereira, Fundadora e pesquisadora da Multiplicidade Mobilidade Urbana;
- Haydée Svab, cientista de dados e pesquisadora em mobilidade urbana em cidades inteligentes;
- Pâmela Vaiano, Diretora-Sênior de comunicação e responsabilidade social da 99;
- Tainá de Paula, Vereadora pelo Rio de Janeiro e arquiteta.
A pandemia, é um momento estratégico para olharmos para a ‘próxima quadra’ da história, não só do desenvolvimento das cidades, mas de todas as áreas e setores. A mobilidade ‘casa’ muito com a discussão de futuro, de cidade e sociedade que se quer.
Vereadora Tainá de Paula
Esse olhar de planejamento não é novidade quando se trata da mobilidade urbana, porém é possível afirmar que ela define as questões de desigualdade de uma cidade. Onde as pessoas vão morar, onde e como devem se locomover e como se reconstrói esse panorama, são todas questões que devem ser levadas em consideração.
Outro fator, mais focado no contexto atual do mundo e das cidades brasileiras, é a complementação de modais.
Isto é, sabendo da organização urbana dos municípios brasileiros e da sua dependência de transportes coletivos para atender as periferias, a implementação e incentivo à integração dos meios alternativos, como as bicicletas, e os transportes clássicos devem ser pensadas como alternativas.