Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content
80% dos motoristas quebram — e a sua chance de quebrar é grande. Muito grande.
E por quê? Porque essa época do ano sempre traz esse cenário. Estou trazendo aqui, na coluna da 55content, uma visão com base em mais de nove anos de experiência nesse setor. O que vejo não muda muito de ano para ano, mas 2025 está especialmente complicado. A cada ano que passa, a situação piora, e abril já mostrou isso com clareza.
Por que tantos motoristas quebram? Por que cada vez mais motoristas entram nas plataformas? Por que as contas não fecham? Muitos dizem: “a conta não fecha” — e têm razão. As corridas estão pagando cada vez menos, enquanto o custo de vida só aumenta. E isso não é exclusividade dos motoristas de app. Quem trabalha no comércio, na indústria ou em empresas também está sentindo o peso. Está ruim para todo mundo.
Mas para o motorista de aplicativo, há um agravante: a falta de organização. Existe uma “seleção natural” acontecendo, e quem não se organiza, não faz conta, está mais vulnerável. Muitos entram no aplicativo achando que vão fazer R$ 4.000 ou R$ 5.000 líquidos, baseando-se em um faturamento mensal de R$ 12.000 ou R$ 13.000. Pensam que, descontando os custos, sobra o suficiente. Comparado com propostas do mercado formal — como um colega meu que foi chamado para uma vaga de R$ 2.800 — parece vantajoso.
Mas é aí que mora o engano. Se você fatura R$ 12.000, hoje mais da metade disso é custo. Sobram, no máximo, R$ 4.000. E desses R$ 4.000 você precisa pagar suas contas pessoais. Isso já considerando despesas com o carro, combustível, manutenção e, se for o caso, aluguel do veículo.
Ainda assim, os R$ 4.000 não são “limpos”. É necessário separar uma reserva para férias, uma reserva de emergência. Se não fizer isso, quando chega a época das “vacas magras” — como agora — qualquer imprevisto te quebra. Um acidente, um problema de saúde, uma pane no carro, qualquer oscilação pode te tirar do jogo, porque nada disso foi previsto no seu planejamento.
E é exatamente por isso que tantos motoristas quebram. Esta época do ano está muito ruim, como já falei. E muitos não estão preparados. Cerca de 80% sentem o baque. Eu sei como é: já estive como vocês, na pista. Hoje, felizmente, não dependo mais diretamente da Uber e da 99. Tenho outras fontes de renda e quero compartilhar essas oportunidades com vocês, para que também não dependam exclusivamente de um único app.
Sempre falei: não dependa de um único aplicativo. E há pelo menos três anos venho dizendo: não dependa só dos aplicativos. Quando está bom, ótimo, aproveite. Mas quando está ruim, é preciso ter uma alternativa. Um plano B. Só que esse plano B não adianta de nada se você não for uma pessoa organizada, se não tiver educação financeira, se não tiver o hábito de anotar gastos, calcular metas e entender quanto realmente precisa faturar.
Muitos motoristas vêm até mim e dizem: “Marcelo, a Uber não está dando retorno, eu preciso ganhar X por semana.” E quando eu pergunto: “qual é a tua conta?”, a maioria não sabe. Não fizeram o dever de casa. E é por isso que a chance de quebrar nesta época do ano é tão alta.
O mercado não quer saber se você é organizado. A Uber, a 99, a inflação, o preço da gasolina, o governo… ninguém se importa. Quem tem que se importar é o próprio motorista. E é aí que muitos se perdem: quebram feio. Muitos saem das plataformas devendo mais do que quando entraram.
Agora eu quero saber: você está preparado para esse período difícil? Vai saber aproveitar o Dia das Mães — que é o último “tiro” dessa época ruim? A próxima recuperação só deve vir lá para setembro ou outubro. Agosto, junho e julho até têm bons finais de semana, e isso eu sempre ensino: foco no início do mês e nos fins de semana. O restante é só frustração.
Tem muito motorista nas ruas, muitos desqualificados, que não sabem o que estão fazendo. E isso atrapalha a todos. Ajudam as plataformas, ajudam os passageiros — e nós, motoristas experientes e conscientes, ficamos só “chupando o dedo”.
Quero saber sua opinião nos comentários: qual é a sua chance de sobreviver a essa seleção natural? Comente aqui embaixo. Um grande abraço e até o próximo texto.