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iMove: “Motorista de app chegou a faturar R$ 22 mil em dezembro. Primeiro ele coloca crédito e depois começa a rodar”

Com sistema pré-pago, plataforma regional reduz inadimplência, oferece taxas personalizadas e já garante média de até R$ 7 mil mensais para condutores ativos. 

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Homem com barba e óculos sentado à mesa de escritório com computador e duas telas, vestindo camisa azul clara com logo da iMOVE.
Foto: Acervo pessoal 55content

No dia 5 de maio, o 55content Premium recebeu Thiago Sanchez, natural de Lagoa da Prata (MG), o nome por trás da iMove, plataforma de transporte por aplicativo que vem se consolidando como a principal referência na região Centro-Oeste mineira. Com formação e experiência em tecnologia e vendas, Thiago identificou uma lacuna no setor de mobilidade urbana em sua cidade e decidiu empreender de forma estratégica, lançando um serviço inovador que alia atendimento personalizado e tecnologia de ponta.

A inspiração para o negócio surgiu de forma inesperada, durante uma viagem a Sinop (MT), em meio à greve dos caminhoneiros. Ao tentar usar a Uber, inexistente na cidade à época, Thiago foi apresentado ao aplicativo Urbano Norte e teve uma experiência tão marcante que decidiu replicar o modelo em sua região. Assim nasceu a iMove, que desde 2019 vem crescendo de forma consistente.

Tecnologia acessível e inovação constante

Desde o início, Thiago optou por utilizar uma tecnologia White Label, que permitiu o lançamento ágil da plataforma. Com o tempo, foram integradas soluções via API e desenvolvidas automações com inteligência artificial, aplicadas tanto no atendimento quanto nas solicitações de corrida. Nos primeiros anos, o serviço funcionava de forma manual, com atendimento por telefone e despacho via 0800. Um sistema próprio de telefonia foi criado, com menu de redirecionamento por cidade e ligações simultâneas para os motoristas locais.

A operação evoluiu, acompanhando o avanço tecnológico e as mudanças no comportamento do consumidor. Hoje, o atendimento é realizado por múltiplos canais, com foco em comandos de voz e comunicação mais natural.

Atuação local e gestão remota

Diferente das grandes plataformas centralizadas, a iMove aposta na presença local com gestão descentralizada. Cada cidade opera com CNPJ próprio, facilitando a contribuição de ISS aos municípios. A empresa identifica motoristas engajados para atuar como despachantes locais, estabelecendo contratos e oferecendo benefícios.

A equipe da iMove é enxuta, com cerca de 10 pessoas, operando em modelo híbrido — parte presencial e parte remoto, inclusive com colaboradores que se mudaram de cidade e continuam no atendimento à distância. A sede física está em fase de estruturação, e a meta é unir os setores em um único espaço, sem abrir mão da flexibilidade do home office.

Presença regional consolidada

Atualmente, a iMove opera ativamente em 12 cidades e está em fase de implantação em outras 4, totalizando 16 municípios. Embora concorrentes como Uber e 99 tenham tentado se estabelecer em algumas dessas localidades, a maioria das iniciativas não prosperou. Em cidades entre 30 mil e 50 mil habitantes, conectadas entre si, a iMove é hoje a principal plataforma, com operação contínua, 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Segundo Thiago, o diferencial da iMove está na proximidade com a comunidade, no atendimento humanizado e em uma estrutura jurídica e tecnológica sólida. A marca acaba de ter seu registro deferido no INPI em duas classes, reforçando sua identidade e proteção legal.

iMove Pass: integração entre mobilidade e entretenimento

O mais recente lançamento da empresa é o iMove Pass, uma bilheteria online que conecta o transporte à venda de ingressos. Ainda em fase de investimento, o projeto não tem fins lucrativos e visa gerar visibilidade para a marca, atuando como intermediário entre passageiros e eventos. O nome da iMove passa a aparecer em materiais de divulgação, fortalecendo sua presença regional.

Números expressivos e política de preços adaptável

A iMove realiza, atualmente, entre 100 mil e 110 mil corridas por mês. Para lidar com custos como combustíveis e motoristas clandestinos, a plataforma opera com quatro bandeiras tarifárias, adaptadas conforme o horário:

  • Bandeira 1 (diurna): R$ 10
  • Bandeira 2 (noturna): R$ 13
  • Bandeira 3 (até 22h): R$ 15
  • Bandeira 4 (meia-noite em diante, de domingo a quinta): R$ 20

Mesmo com as variações, a empresa mantém políticas de bonificação e tarifas dinâmicas para atrair e reter passageiros e motoristas.

Foco no futuro e na tecnologia escalável

Thiago reforça que a iMove não é um grupo de motoristas, mas sim uma empresa de base tecnológica. A prioridade é manter a escalabilidade do negócio, com forte presença digital e investimentos contínuos em segurança, atendimento e inovação. Em seis anos de operação, a plataforma nunca enfrentou crises públicas, o que é atribuído à sua política de comunicação transparente e estrutura de suporte eficiente.

Com olhar voltado para o futuro, a iMove segue sua trajetória de expansão sustentável, provando que é possível inovar, crescer e manter raízes fortes mesmo fora dos grandes centros urbanos.

iMove aposta em fidelização, inteligência artificial e expansão gradual para consolidar liderança regional

Após conquistar relevância no setor de mobilidade urbana com operações estruturadas e foco no atendimento local, a iMove aposta agora em inovação tecnológica, relacionamento com o cliente e uma estratégia de expansão sustentável. A plataforma, liderada por Thiago Sanchez, tem ampliado sua visibilidade por meio do iMove Pass, projeto que integra transporte e venda de ingressos em eventos regionais.

“Essa exposição nos flyers e materiais promocionais dos eventos fortalece nossa marca. Mesmo sem fins lucrativos, o iMove Pass é uma vitrine poderosa”, explica o fundador. O rastreamento de usuários revela que grande parte dos compradores de ingressos são também passageiros da plataforma, criando um ciclo de fidelização orgânico.

Remuneração justa e controle financeiro: como a iMove remunera seus motoristas

Diferente dos modelos tradicionais baseados exclusivamente em comissionamento por porcentagem, a iMove adotou um sistema pré-pago como principal forma de remuneração e operação de seus motoristas. Nesse modelo, o condutor adquire créditos antecipadamente para ter acesso à plataforma e realizar corridas. O valor mínimo de recarga é de R$ 10, mas muitos optam por inserir R$ 100, R$ 200 ou até R$ 300 de uma só vez.

Segundo Thiago Sanchez, CEO da empresa, essa mudança teve como principal motivação eliminar a inadimplência, que gerava prejuízos recorrentes no início das operações. “Com o pré-pago, conseguimos não só reduzir o calote, como também otimizar o lucro e dar mais previsibilidade ao motorista”, explica.

Além de permitir o uso da plataforma, o saldo em carteira também é usado para ajustes de atendimento, cupons promocionais e resolução de conflitos. Caso haja uma reclamação de cobrança indevida, por exemplo, o desconto é feito diretamente do crédito do motorista, sem necessidade de transações adicionais via Pix ou outras formas de pagamento.

O modelo inclui percentuais variáveis de desconto, que vão de 10% a 15% sobre o valor da corrida, conforme o grau de engajamento e comprometimento do motorista. Em regiões mais afastadas ou em corridas intermunicipais — de maior valor — a taxa é reduzida para cerca de 5%. Já nas corridas manuais abertas diretamente pelo motorista (as chamadas “corridas de maçaneta”), a cobrança é fixa:

  • R$ 1 para valores até R$ 30
  • R$ 2 de R$ 30 a R$ 60
  • R$ 3 acima de R$ 60

Essa estrutura visa premiar o bom comportamento operacional e garantir sustentabilidade para a empresa, que frequentemente enfrenta desafios como concorrência desleal de motoristas clandestinos ou que fazem corridas fora do app, o que compromete tanto a segurança quanto a rentabilidade do sistema.

Em relação à rentabilidade real, Thiago relata que a média mensal bruta de um motorista que trabalha 8 horas por dia gira entre R$ 6.000 e R$ 7.000, podendo ultrapassar os R$ 20.000 em meses de alta demanda, como ocorreu com um condutor que chegou a faturar R$ 22.000 em dezembro, graças ao volume de corridas por moto, categoria implantada há um ano e meio.

A política de remuneração da iMove busca equilibrar justiça, rentabilidade e compromisso — pilares que, segundo seu fundador, são essenciais para manter um relacionamento duradouro e saudável entre a plataforma e os seus condutores.

Tecnologia contra a informalidade e foco em segurança

O combate às corridas clandestinas é uma prioridade. A iMove atua com conscientização, punições e ferramentas tecnológicas para impedir fraudes, como o bloqueio automático de corridas de passageiros inadimplentes. A empresa também oferece uma função chamada “abrir maçaneta”, que permite que o motorista registre manualmente a corrida, inclusive por comando de voz — funcionalidade integrada ao iMove Chat, sistema de IA em desenvolvimento.

Essa inteligência artificial, baseada na tecnologia da OpenAI (versões 4.1 e 4.5), será capaz de interagir com motoristas e passageiros, registrar chamados, encaminhar casos urgentes e realizar o atendimento de forma autônoma. “Recebemos entre 200 e 300 atendimentos por dia. A IA vai transformar nossa operação”, destaca.

Projetos paralelos e atendimento estratégico

A iMove também está desenvolvendo o iMove Connect, uma solução para corridas intermunicipais compartilhadas, inspirada em plataformas como Blablacar e Buser, mas adaptada para municípios menores — onde os grandes apps não atuam bem. A empresa ainda opera categorias variadas, como motos, compras, zona rural, empresas e viagens.

Apesar de já ter atuado com entregas por aplicativo (iMove Entregas), o foco atual não está nesse segmento. “Entregas envolvem múltiplas etapas, risco elevado para motos e baixa rentabilidade. Optamos por integrar esse serviço de forma limitada”, explica Thiago. A empresa estabelece termos de adesão e códigos de conduta rigorosos para proteger motoristas e clientes, especialmente em entregas com maior risco de acidentes.

Atendimento humano e posicionamento estratégico

Mesmo com o avanço tecnológico, o atendimento humano ainda é essencial na operação. “Usamos chat em tempo real durante a corrida e sistema de tickets fora dela. A IA está sendo testada, mas tudo precisa estar bem estruturado antes de escalar”, pontua.

O posicionamento da marca também é claro: não atender apenas por ligação não é um erro, é uma escolha estratégica. “Nosso público é conectado, consciente, quer previsibilidade. Não somos só preço — somos experiência”, reforça.

Desafios e visão de futuro

Conquistar a confiança de motoristas ainda é um dos grandes desafios. Desde reuniões presenciais iniciais até parcerias com prefeituras e eventos, a iMove investe na construção de relacionamento com os condutores. “Já fizemos mais de 50 ações presenciais. Hoje temos estrutura jurídica e uma gestão mais sólida, mas seguimos atentos aos nossos parceiros estratégicos”, conta.

Para Thiago, resiliência é a qualidade mais essencial para quem está à frente de uma plataforma de mobilidade. “É preciso justiça, equilíbrio e correção. O retorno vem para quem trabalha certo.”

O plano de expansão da iMove para 2025 é cauteloso, porém ambicioso. A meta é entrar em mais cinco a dez cidades, consolidando as já existentes e amadurecendo cada operação ao longo de até dois anos. “Não prometemos números altos. Prometemos qualidade”, finaliza.

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