Com quase 78 mil corridas e faturamento bruto de R$ 19 mil em março, Roberto Zanatto decidiu compartilhar no e-book Uber Inteligente as estratégias que consolidou ao longo de 7 anos no volante. Ele defende, por exemplo, que é melhor fazer três corridas curtas com dinâmica de R$ 10 do que aceitar uma longa de R$ 40 que leva mais de uma hora. Em um domingo recente, faturou R$ 400 em apenas 7 horas. Trabalhando cerca de 10 horas por dia, mantém média de R$ 500 a R$ 550 por jornada — e alerta: “Muita gente não sabe, mas já vi passageiro pagar R$ 40 e a Uber me pagar R$ 50.” Todas essas táticas e reflexões estão reunidas nas 55 páginas (e vídeos) do material, que promete ajudar outros motoristas a alcançarem resultados semelhantes.
Beto, me conta: você está lançando um e-book. Como surgiu essa ideia?
Beto Zanatto: Esse projeto é algo que eu já queria fazer há bastante tempo, principalmente por causa dos meus resultados e do número de corridas que tenho acumulado. Já estou chegando a 78.000 corridas em 7 anos de aplicativo. Meu faturamento continua sendo um dos melhores do Brasil.
Já tinha feito um projeto anterior, mas na hora da divulgação houve um desacordo entre as partes envolvidas, inclusive com investidores. No fim, resolvi fazer tudo sozinho, o que achei melhor. Assim, eu seria o dono do projeto e poderia fazer parcerias como bem entendesse.
Faz cerca de 10 dias que o e-book foi lançado na Hotmart. Está sendo vendido por R$ 67,40, mas dá para parcelar em até nove vezes de cerca de R$ 8.
Quantas páginas tem o e-book? Quanto tempo levou para ser produzido e qual é o conteúdo?
Beto Zanatto: O e-book tem cerca de 55 páginas e inclui de 7 a 8 vídeos. Levou em torno de 10 dias para ser feito. Eu contratei uma pessoa para a produção e fui repassando todo o conteúdo com base nesses meus 7 anos de experiência como motorista de aplicativo. Nele, conto também um pouco da minha história e explico os motivos por trás dos meus resultados.
O conteúdo é bem completo. Mostro como tenho mantido uma média de faturamento bruto de R$ 200.000 por ano nos últimos três anos — o que dá entre R$ 16.000 e R$ 17.000 por mês. Em março, por exemplo, meu faturamento bruto foi em torno de R$ 19.000. Posso até te mandar o comprovante, se quiser.
E no e-book você dá dicas de como alcançar esse faturamento?
Beto Zanatto: Sim, eu explico como trabalho. Percebo que meu estilo de trabalho é bem diferente da maioria dos motoristas. Meus horários são distintos e minha forma de operar também. Por exemplo, só aceito corridas no cartão e exijo nota mínima de 4.80. Trabalho apenas com as categorias X e Comfort. Meu carro é um Yaris Hatch 2023/24.
Nunca me deixo seduzir pelo valor da corrida. A maioria dos motoristas olha o valor e aceita sem pensar no destino. Eu analiso: “Essa corrida vai me levar para onde? Vou conseguir uma boa corrida depois disso?”
Recuso muitas corridas que outros motoristas dizem que não recusariam. Só que depois eles mesmos reclamam: “Como é que eu saio daqui agora?”. Eu valorizo bastante as corridas curtas quando o movimento está alto e há dinâmica. Já quando o movimento está baixo, foco nas corridas mais longas, que compensam nesse contexto.
Dou um exemplo: se eu pego três corridas curtas com R$ 10 de dinâmica cada, ganho R$ 30 só na dinâmica. Já outra pessoa pega uma corrida longa por R$ 40 e perde essa oportunidade. No fim, ganho mais em menos tempo.
Para atingir esse faturamento de R$ 15 a 17 mil por mês, você usa ferramentas como o StopClub ou apps de análise de corrida?
Beto Zanatto: Não, eu não uso essas ferramentas. Inclusive, já comentei isso em outra entrevista: acho que quando você usa esse tipo de app, acaba ficando engessado ao que ele diz.
Na minha experiência, às vezes uma corrida pode parecer pouco vantajosa no app, mas te leva para uma área com boas oportunidades. Com 7 anos de experiência, eu consigo analisar rapidamente se vale ou não. Tenho uns 5 segundos para decidir.
Dou um exemplo: se uma corrida está pagando R$ 20 e vai durar 20 minutos, já considero R$ 1 por minuto — e essa é a minha principal métrica. Quando a corrida paga R$ 1 por minuto, geralmente ela me rende mais de R$ 2 por quilômetro, às vezes até R$ 3 ou R$ 4.
Esse cálculo rápido, na cabeça mesmo, é o que me guia. Funciona bem para mim.
Você atua em Porto Alegre, certo? E qual sua média por quilômetro? Você tem um mínimo por KM para aceitar corrida?
Beto Zanatto: Sim, trabalho em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Sobre o valor por quilômetro, eu não fico muito preso nisso. Como falei, foco é no R$ 1 por minuto. Isso já me garante automaticamente um bom retorno por quilômetro.
Por exemplo, uma corrida de 30 km pagando R$ 60 pode parecer boa, mas se ela demorar 90 ou 100 minutos, você está perdendo no tempo. Já se eu aceito uma corrida que me paga R$ 1 por minuto, ela vai me render entre R$ 2 e R$ 2,50 por quilômetro, com corridas mais curtas e valorizadas.
Eu recomendo que os motoristas foquem mais no minuto do que no quilômetro. Claro, a distância também importa — eu jamais aceitaria uma corrida de 30 km, 30 minutos, por R$ 30. Preciso ver que ela vai pagar bem nos dois aspectos.
Como faço mais corridas curtas, o quilômetro sempre acaba valorizado.
Você recomendaria, então, que os motoristas analisassem mais o tempo do que a distância da corrida?
Beto Zanatto: Sim, com certeza. Muitas pessoas se deixam seduzir por valores altos — “Nossa, essa corrida paga R$ 80!” — mas ela dura 1h30 ou 2h. Aí já não é tão vantajosa assim.
É essencial analisar para onde a corrida te leva e quanto tempo você vai ficar parado depois. No meu faturamento, quem acompanha vê: faturo em torno de R$ 500 a R$ 550 em 10 horas — ou seja, R$ 50 a R$ 55 por hora. Rodo uns 250 km para isso, então dá uma média de R$ 2 por quilômetro.
Mas não basta analisar só por hora ou dia. É importante olhar para o mês. Eu sempre busco manter uma média acima de R$ 50 por hora no mês.
Você trabalha com Comfort, Black…? Como funciona isso para você?
Beto Zanatto:
Meu carro faz X e Comfort. Eu dou preferência maior para o Comfort. Só quando estou em regiões mais afastadas é que abro o X.
Inclusive, defendo a ideia de que, quando a demanda está ruim, é até melhor deixar ativado apenas o Comfort. Se deixar o X aberto, começa a aparecer muita corrida ruim, e aí você perde tempo. No Comfort pode demorar um pouco mais para chamar, mas quando vem uma corrida, ela costuma ser bem mais vantajosa — até mais do que se tivesse feito duas corridas no X.
Você recomendaria aos motoristas que fizessem um upgrade no carro para trabalhar em categorias superiores, como Comfort ou Black?
Beto Zanatto:
Sim, eu recomendaria que a pessoa migrasse para o Comfort. Conheço vários amigos que fazem Black e acabam faturando menos que eu. O Black tem pouca demanda, então os motoristas ficam muito tempo parados.
Já no Comfort, toca bem mais. E eu sempre defendo essa tese: tempo ocupado tem que ser tempo produtivo. Se você está 60 minutos online, tem que estar faturando nesses 60 minutos.
O que acontece muito é o motorista ficar parado horas no aeroporto esperando uma corrida milagrosa que vai salvar o dia — mas nem sempre ela vem. Por isso, eu acredito que o Comfort é a melhor categoria. É a que mais oferece trabalho e melhor aproveitamento de tempo com retorno financeiro.
Você mencionou que fatura entre R$ 15.000 e R$ 17.000 por mês, mas o carro tem custo. Quanto disso realmente representa o lucro?
Beto Zanatto:
Sempre recomendo fazer esses cálculos com clareza. Por exemplo, se você fatura R$ 10.000, vai gastar cerca de R$ 3.000 só com combustível. Além disso, tem manutenção, IPVA, seguro e imprevistos.
Você não pode olhar só para o valor bruto — tem que descontar tudo. Eu costumo calcular pelo menos 30% do faturamento com combustível. O IPVA do meu carro, por exemplo, que vou pagar agora nesta quarta-feira, é R$ 2.880 — cerca de R$ 300 por mês. Meu seguro é R$ 500 mensais, porque faço como motorista de aplicativo.
É importante investir num seguro bom, que realmente funcione quando você precisar. Não adianta ele ser bom só na hora de contratar. Então, tem bastante despesa envolvida. O motorista não pode se iludir: tem que calcular tudo — IPVA, seguro, depreciação do carro.
Mesmo assim, por exemplo, em março, com um faturamento bruto de R$ 19.000, mesmo tirando todas essas despesas, o valor líquido que sobra ainda é bem bacana.
Você diria que sobra mais de R$ 10.000 líquidos?
Beto Zanatto: Não, acho que sobra um pouco menos de R$ 10.000 líquidos.
Quantas horas por dia e quantos dias por semana você trabalha para alcançar esse faturamento, como no mês de março?
Beto Zanatto: Trabalho em média 10 horas por dia. Às sextas e sábados, tento esgotar as 12 horas permitidas pela Uber, porque são os dias em que mais se fatura.
Por exemplo, neste último fim de semana eu não trabalhei porque estava com minha filha. Mas no domingo, comecei às 19h e fui até as 2h da manhã — trabalhei cerca de 7 horas e faturei R$ 400.
Então, para faturar bem, o motorista precisa trabalhar nos finais de semana?
Beto Zanatto: Com certeza. Sexta e sábado são os melhores dias. Já segunda e terça são meus dias mais leves. Hoje, por exemplo, é segunda e estou mais de folga. Amanhã, terça-feira, vamos fazer um churrasco entre motoristas de aplicativo — já temos cerca de 100 confirmados.
Eu sempre falo: paralisação de verdade é trabalhar certo. Não aceitar corrida ruim, fazer um bom trabalho, compartilhar conhecimento. Esse churrasco vai ser uma forma de trocar ideias e estratégias de forma inteligente. À noite, jogo futebol, então terça é dia bem mais tranquilo para mim.
Nos outros dias, intensifico o trabalho. E esse é o segredo: trabalhar mais quando as corridas estão valorizadas. A corrida de R$ 7 ou R$ 8 se transforma em R$ 15 com dinâmica. Segunda e terça, como o movimento é fraco, você só se estressa e se cansa se ficar 12 horas na pista, e o faturamento é baixo.
Para você, qual é a melhor corrida? E qual é a pior?
Beto Zanatto: A melhor corrida é aquela que tem dinâmica alta. Aqui em Porto Alegre, a dinâmica chega até R$ 15.
Então, se você pega uma corrida curta, de 2 ou 3 km, com essa dinâmica, ela te paga R$ 24, por exemplo. Você ganha R$ 8 por quilômetro — sendo que a maioria fala que o ideal seria R$ 2 por km. Essa é a corrida ideal: curta, com dinâmica alta e boa remuneração por km e por minuto.
A pior corrida, na minha opinião, é aquela que paga R$ 5,88 ou R$ 7 no Comfort. Mesmo sendo curta, você acaba gastando 20 minutos no trânsito. Não vale a pena.
Você sabe qual é a sua taxa de desconto da Uber sobre o faturamento?
Beto Zanatto: Sim. A taxa padrão da Uber é de 25%, mas com promoções e bônus, ela cai.
Geralmente, nos resumos semanais que recebo, a taxa fica entre 16% e 18%. Em 2024, meu faturamento total foi de R$ 208.000 e a Uber me cobrou cerca de 22% sobre esse valor. É mais fácil de analisar assim, de forma anual.
Beto, você não costuma reclamar da Uber. Por quê?
Beto Zanatto: É, o que eu percebo é que muita gente me pergunta: “Por que você não reclama da Uber?” E eu sempre penso assim: já são 7 anos trabalhando na plataforma. Se eu não estou satisfeito, o certo seria procurar outro emprego. Então, não fico reclamando, porque continuo trabalhando aqui.
Acredito que, se a pessoa não está contente, talvez seja o momento de buscar outra coisa para fazer.
Vejo motoristas dizendo: “Ah, fiz uma corrida e a Uber ficou com 50%.” E sim, às vezes isso acontece, o que eu considero exagerado. Mas também tem o outro lado: já vi casos em que o passageiro pagou R$ 40 e a Uber pagou R$ 50 para o motorista. Ou seja, ela bancou parte da corrida para que o cliente fosse atendido.
Isso geralmente acontece quando o passageiro está em um local de difícil atendimento — a Uber aumenta o valor para atrair motoristas. Mas o motorista precisa ficar atento, porque na volta a situação pode inverter: a Uber pode cobrar R$ 40 do passageiro e pagar só R$ 25 para você. Ela sabe que você quer voltar e pode pagar menos.
Então, é preciso entender essa lógica do algoritmo, que às vezes te incentiva a ir pagando mais, mas compensa na volta pagando menos. Tem que saber fazer esse cálculo com cuidado.
Beto, da minha parte era isso. Tem algo que você gostaria de acrescentar? Algo que tenha faltado na nossa conversa?
Beto Zanatto: Queria só comentar mais um pouco sobre o e-book. Me dediquei bastante a esse projeto. Acho que minha bagagem de 7 anos de plataforma e quase 78.000 corridas me credencia a compartilhar esse conhecimento.
O e-book custa R$ 67,40, e com as estratégias que ensino ali, dá para recuperar esse valor até em um único dia de trabalho. Dá para parcelar em 9 vezes de R$ 8,86 — e, sinceramente, esse valor dá para fazer em uma hora bem trabalhada, se seguir as orientações direitinho.
Quando comecei, em 2018, eu nem sabia ligar o aplicativo. Se eu tivesse tido acesso a esse tipo de conteúdo naquela época, teria faturado muito mais desde o início.
O feedback de quem já comprou tem sido muito positivo. Muitos me seguem no Instagram e já diziam: “Beto, apliquei aquela sua metodologia e tive um ótimo ganho hoje.” Então, é algo que realmente está ajudando os motoristas.
Perfeito! Você pode mandar o link do e-book? A ideia é fazer uma matéria anunciando, com chamada no título. Assim, quem se interessar já pode acessar direto.
Beto Zanatto: Claro, vou te mandar o link pelo WhatsApp. O e-book se chama Uber Inteligente. Também vou mandar uma foto da capa.
Ah, e recomendo que o pessoal me acompanhe no Instagram: @betozanattosuccessonouber. Está bem bacana, estamos crescendo bastante — atualmente com uma média de 100 novos seguidores por dia e chegando a 33.000 seguidores.