Em São Paulo, se o motorista de app parar onde não deve ou pegar no celular, é multa na hora

Em São Paulo, motorista de app não tem margem de erro: qualquer vacilo, parar onde não pode ou pegar no celular, é multa na certa.

Homem de óculos e camisa branca, com expressão séria, olhando diretamente para a câmera. Ele está em um ambiente interno com paredes claras e uma porta ao fundo.
Foto: Marcelo Fora Curva para 55content

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Coisas que você precisa saber quando vem a São Paulo para trabalhar, para dirigir ou até para passear. Mas você precisa saber de algumas dicas e percepções que eu, um motorista de aplicativo de Porto Alegre, enfrentei quando vim para essa cidade, essa capital, que é uma das maiores cidades da América Latina. Vou dividir com vocês. Eu estou aqui gravando no quarto de hotel porque uma das dicas tem a ver com o que eu vou falar para você.

Por que eu estou escrevendo e gravando no quarto do hotel? Primeiro, gravar em São Paulo é complicado. E por quê? Porque qualquer coisinha, a fiscalização de trânsito aqui te multa. Qualquer coisinha mesmo, tá? Então, se você parar em um lugar que não pode parar, já toma multa. Se você pegar o celular e eles virem, já toma multa. Então, eu evitei gravar muita coisa na rua porque não pode ficar mexendo no celular. Se você tocar no celular, os caras já te multam.

Então, isso é muito importante. Mesmo que você não seja um motorista de aplicativo, se vier a São Paulo e pegar o celular e a fiscalização te flagrar, pronto, tomou um canetaço. Até agora eu nem sei se já tomei… Estou falando neste momento, não sei se já tomei alguma multa. Não recebi nada ainda, ninguém me falou nada. Então, essa já é a primeira dica. Eu até fiz aqui uma listinha com essas dicas para você que vai vir a São Paulo pela primeira vez, tomar esse cuidado, tá? Tomar esses cuidados que eu já tenho visto, tenho percebido essas situações.

Outra coisa: limite de velocidade. Gente, você se acostuma a andar devagar. Você se acostuma a andar a 30, 40 por hora, porque o trânsito não anda. Acordei no primeiro dia, pensei: beleza, agora vou dirigir, vou fazer minhas correrias. Quando cheguei na rua, estava tudo trancado. Você não consegue andar dependendo do horário, dependendo da avenida que pegar. Tranca tudo. Para quem é motorista, às vezes a corrida errada que você aceita, fica ali uma hora, uma hora e meia, ela estraga toda a sua estratégia.

Então, gente… E a gente não conhece, a gente que é forasteiro, não tem como dizer assim: “Ah, não, mas eu não vou pegar tal corrida.” Cara, não existe isso. Você vai aprender na dor. Isso é uma coisa que eu percebi: você vai aprender na dor. Outra coisa que me chamou muita, mas muita atenção: motoboys. Cara, eles são um capítulo à parte. Eles estão por todos os lados. Quando você vê, tem muito motoboy à sua volta. Existe um corredor para os motoboys.

O que eu fiz? Eu aprendi até com um passageiro que dirige também. Ele disse: “Não, cara, você viu que não vem nenhum deles em alta velocidade, a gente tem que passar pela pista dos motoboys, tem que trocar de pista.” E você vai vindo ali e, se vier algum muito rápido, ele vai buzinar, mas você tem que trocar de pista. Só que tem que ter esse cuidado com os motoboys. Não vá simplesmente jogando o carro. Quando você vê, está derrubando um, ou algum deles bate em você. Já tem um prejuízo grande aí. Já falei aqui das buzinas dos motoboys.

Pessoal que buzina demais. Parece que o pessoal tem assim, em vez daquele toque leve, “pip pip”. Não, e o carro que eu estou dirigindo, que é um Buick King, ele não tem o toquezinho na buzina. Você encosta e ele faz um baita de um esparro. Parece que estou xingando o pessoal, estou brigando, mas não. Então, estou evitando usar a buzina. No primeiro momento em que saí, para vocês terem uma ideia, saí com o carro, já tive que sair de uma pista para entrar em outra, já tomei buzinaço. É muito engraçado. O pessoal não tem paciência no trânsito.

Então, buzinam toda hora. Uma coisa muito interessante que me chamou a atenção: tirando as avenidas principais, quando você entra nas outras ruas, os cruzamentos têm, como se fosse assim, não é bem uma lombada, mas um pequeno desnível na pista. Isso te obriga a reduzir a velocidade. E eu acho até que isso é um dos motivos pelos quais o trânsito aqui é muito devagar. Mas muito devagar mesmo. Porque o pessoal tem que ir devagar. Abriu o sinal, vai atravessar, e você tem que dar uma reduzida forte. Então, tem que ter paciência, tá gente?

Agora sim, eu acho que essa parte foi uma das que mais me impactou. Falei para vocês que eu não podia usar o celular ali no começo para gravar conteúdo. Mas tem um outro detalhe que eu aprendi com uns colegas aqui, um colega que veio me buscar no aeroporto. Eu vi que ele andava com o celular aqui na perna. E eu, cara, nunca andei com o celular na perna lá em Porto Alegre. Imagina, eu sempre estou acostumado com o celular ali no painel. Eu entendi que você está sempre com aquele medo, aquele risco de vir alguém quebrar o vidro e levar o celular. Então, o celular tem ficado também na minha perna, e eu tenho usado o painel do carro.

O Buick King tem um painel bem grande, e eu uso ali para o Waze. Você acaba usando o Waze só no painel do carro. Você não usa o Waze praticamente no celular, pelo menos aqui na cidade de São Paulo.

Essas foram as primeiras percepções que eu tive da cidade de São Paulo, dirigindo aqui na cidade de São Paulo. Eu vejo que a cidade é muito bem sinalizada, vejo que o pessoal dirige bem, mas o pessoal não tem paciência. Muita gente aqui não tem paciência.

Como falei para vocês, estou escrevendo o texto e gravando vídeos para as redes aqui do hotel. Por quê? Porque gravar dentro do carro, eu tenho que achar um lugar. Eu não conheço ainda onde são os lugares onde eu posso parar. Ontem ainda consegui gravar perto da Ponte Estaiada. Vi que tinha um lugar ali, tinha uma vaga, tudo certo, consegui parar ali. Eu espero que eu tenha ajudado.

Se vocês nunca dirigiram em São Paulo, comentem aqui embaixo. Se vocês já dirigiram em São Paulo, quem já é mais experiente aqui na cidade e tem alguma dica que queira dar, também já deixa aqui embaixo, para o pessoal, que a gente acaba todo mundo se ajudando.

Foto de Marcelo Ribeiro
Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro, conhecido como Marcelo Fora da Curva, é de Porto Alegre e iniciou sua carreira como vendedor. Em 2016, tornou-se motorista de aplicativo, usando sua experiência em vendas para oferecer um excelente atendimento ao cliente, o que lhe rendeu a nota mais alta entre motoristas da cidade e vários prêmios da Uber. Em 2017, criou um canal no YouTube para compartilhar suas experiências, que rapidamente se tornou popular, alcançando 300 mil inscritos e 92 mil seguidores no Instagram.

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