Pesquisar

Win Cars: “Um motorista profissional pode faturar uma média de R$ 6.500 bruto por mês”

ponto de exclamacao .png
Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Carro adesivado, aplicativo Win Cars. Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal.

Marcio Milani é advogado há mais de 20 anos e, em 2018, decidiu investir no mercado de mobilidade urbana. A ideia surgiu após um de seus clientes entrar em contato solicitando que fosse verificada a possibilidade de montar um negócio capaz de atender à população em geral de forma automática.

“Então, eu aceitei o desafio e dei uma pesquisada no mercado. Cheguei à conclusão de que a oportunidade no mercado de mobilidade urbana estava em crescimento e ainda não tinha tantos aplicativos regionais”, diz o gestor. O aplicativo atua nas cidades de São Francisco do Sul, Joinville, Araquari, no estado de Santa Catarina, e conta com 300 motoristas cadastrados.

Segundo Marcio, a ideia era criar uma plataforma que pudesse beneficiar a classe de motoristas de aplicativo e aliviar as taxas pagas por eles. Mas pondera que a pandemia e sua falta de experiência com as corridas foram dificuldades que precisou enfrentar no desenvolvimento do app.

“A gente tinha a expectativa de que, tendo uma taxa boa para o motorista e um preço bom para o passageiro, seria suficiente para você poder entrar no mercado, só que a realidade não foi bem essa”, revelou.

Ele explica que o maior desenvolvimento do app aconteceu em 2022, quando entraram na cidade de São Francisco do Sul, Santa Catarina. “Hoje, o nosso foco está em se estruturar melhor nessa cidade pequena que é São Francisco do Sul, para retomar nosso plano de expansão mais forte, mais estruturado.”

Ainda sobre a sua operação, Marcio completa: “Hoje, posso afirmar que acredito que nós, enquanto um aplicativo pequeno, somos o mais estruturado do Brasil. Todos os nossos funcionários são contratados pelo regime CLT, contamos com uma sólida estrutura de TI, temos um sistema financeiro próprio e já preparamos um plano de marketing multinível pronto para ser divulgado.”

Além disso, ele destaca seu plano de licenciamento de marca “estruturado”, registrada no INPI, e explica que essa estrutura os permite expandir de forma segura.

Como funciona o sistema de vocês para organizar as operações? E como vocês calculam o preço para os motoristas e definem as taxas?

Nós adotamos uma política de portas abertas, que não tem custos elevados, para ouvir e incluir os motoristas na construção do aplicativo. Buscamos sempre equilibrar os interesses dos motoristas e dos passageiros, criando uma engrenagem no sistema que torna o aplicativo atrativo para ambos os públicos.

Atualmente, em São Francisco do Sul, aplicamos uma taxa inicial de 15% para os motoristas. No entanto, essa taxa pode ser reduzida para até 9% conforme os motoristas cumprem desafios ou aderem à adesivagem de veículos. Por exemplo, motoristas que realizam corridas durante a madrugada, aos domingos, ou em feriados, ou ainda aceitam corridas pendentes, recebem descontos progressivos na taxa, calculados semanalmente. Já nas cidades de Araquari e Joinville, estabelecemos uma taxa de 5%, incentivando o crescimento nessas regiões com o apoio dos motoristas.

Diferentemente de outros sistemas, não utilizamos o modelo de crédito pré-pago, comum em aplicativos parceiros como o Machine. Desenvolvemos um sistema próprio, resultado de pesquisas que indicaram a preferência dos motoristas por pagar apenas pelo serviço efetivamente prestado, evitando depósitos iniciais que possam não gerar retorno. Nosso sistema, integrado ao banco, gera relatórios semanais para os motoristas com códigos de barras para pagamento e realiza automaticamente a compensação de valores. Motoristas que têm saldo a receber recebem o pagamento via PIX semanalmente.

Além disso, valorizamos o custo-benefício para os passageiros e promovemos a cultura do não cancelamento. Treinamos nossos motoristas para evitar o cancelamento de corridas, salvo emergências, pois identificamos que essa é uma das maiores dores dos passageiros. Essa prática também foi confirmada em nossas experiências em Florianópolis, Blumenau e Joinville. Os cancelamentos geralmente ocorrem quando motoristas utilizam múltiplos aplicativos e priorizam corridas mais vantajosas, algo que evitamos ao garantir uma remuneração justa e competitiva.

Por fim, envolvemos os motoristas no processo de definição de preços, como o valor mínimo da corrida, o custo por quilômetro e por minuto. Respeitando limites razoáveis, consideramos suas sugestões para criar um aplicativo mais justo e eficiente, tanto para motoristas quanto para passageiros.

Qual o valor da corrida mínima da Win Cars?

Atualmente, o valor mínimo da corrida em São Francisco do Sul e nas outras cidades é de R$ 12,90, válido entre 6h e 19h. Das 19h às 23h30, aplicamos a bandeira 2, com o valor mínimo ajustado para R$ 14,90. Já no período da madrugada, das 23h30 às 6h, utilizamos a bandeira 3, onde o valor mínimo da corrida sobe para R$ 19,90.

Qual é a média mensal de corridas registradas pelo aplicativo?

Hoje, a nossa média de corridas mensais está girando em torno de 15 mil a 18 mil corridas por mês. O nosso foco maior hoje ainda é a cidade pequena de São Francisco do Sul. As outras cidades têm um número bem pequeno ainda de corridas, por isso que a nossa taxa é de 5% para ver se a gente começa a crescer nessas cidades.

Quais iniciativas vocês estão adotando para expandir nas cidades e no estado? Como está sendo feita a divulgação do trabalho de vocês?

Atualmente, nosso principal foco é consolidar o aplicativo de forma definitiva em São Francisco do Sul, garantindo que ele funcione de maneira eficiente e atenda às necessidades da população local. Hoje, somos mais conhecidos na cidade do que os grandes aplicativos internacionais. Se você perguntar por aplicativos de mobilidade em São Francisco do Sul, é provável que a própria população recomende o WinCars como a opção mais utilizada. Contamos com um número expressivo de motoristas experientes que conhecem bem a cidade e seus atalhos, o que torna o serviço mais eficiente.

Para fortalecer essa presença, investimos em anúncios nos principais portais locais, em marketing digital patrocinado e até em um sistema de chamadas por WhatsApp. Isso facilita o acesso ao serviço, especialmente para turistas que não desejam baixar um aplicativo novo, permitindo que o pedido seja feito diretamente pelo WhatsApp com atendimento automatizado.

No que diz respeito à expansão, além da taxa de 5% para motoristas de outras cidades, estamos planejando o lançamento de uma campanha de licenciamento de marca no primeiro trimestre do ano. Essa iniciativa, semelhante a um modelo de franquia, permitirá que motoristas interessados levem o WinCars para suas cidades ou estados, contando com o nosso apoio. Também estamos desenvolvendo um sistema de marketing multinível, ou marketing de rede, que permitirá que motoristas e passageiros construam uma comunidade de usuários do WinCars, sendo remunerados por isso. Acreditamos que esse modelo seja único no mercado e pode revolucionar o setor.

Outra estratégia importante é a adesivação dos carros, transformando os veículos em outdoors móveis, o que contribui para a divulgação do aplicativo. Além disso, utilizaremos ferramentas como o Marketplace, permitindo a inclusão de anúncios de produtos dentro do aplicativo do passageiro, o que amplia as possibilidades de receita e engajamento.

Na sua opinião, qual é o maior diferencial de vocês em relação aos grandes players do mercado nas cidades onde atuam?

Para os motoristas, acredito que o maior diferencial seja a nossa taxa competitiva e a política de portas abertas. Posso garantir que nenhum grande aplicativo ou player do mercado ouve os motoristas como a Win Cars ouve. Você pode verificar isso diretamente com nossos motoristas. A maioria me conhece não apenas pelo nome, mas também pela presença. Apesar de estar em São Paulo, viajo frequentemente para as cidades onde atuamos, para ouvir as opiniões e críticas construtivas dos motoristas, identificando oportunidades de melhoria. Esse envolvimento direto é um grande diferencial para eles.

Já para os passageiros, o nosso destaque é o custo-benefício, especialmente devido à nossa cultura do não cancelamento. Todos os nossos motoristas são devidamente treinados e orientados a não cancelar corridas, salvo em casos excepcionais. Isso garante que o passageiro que solicita uma corrida pela Win Cars não terá a experiência frustrante de ter sua corrida cancelada em favor de outra.

Além disso, os motoristas são bem remunerados e satisfeitos, o que reflete diretamente na qualidade do serviço prestado. Atualmente, nossos motoristas alcançam uma média de ganhos que é, em muitos casos, superior à de outros pequenos aplicativos no Brasil, graças à nossa estratégia focada na operação em cidades específicas. Isso resulta em conforto e confiança para o passageiro e em satisfação e estabilidade para o motorista.

Quanto um motorista pode faturar, em média, por mês com o app?

Se o motorista trabalhar de forma profissional, conseguimos observar diferentes perfis: alguns atuam exclusivamente como motoristas profissionais, enquanto outros utilizam o aplicativo como complemento de renda, seja por já estarem aposentados ou por terem outro emprego.

Um motorista profissional na WinCars, com dedicação e boa estratégia de trabalho, consegue alcançar uma média de R$ 6.500 por mês. Para uma cidade pequena, com cerca de 55 mil habitantes, isso representa uma renda relativamente expressiva.

Há também motoristas que se dedicam ainda mais, seja trabalhando à noite, de madrugada, ou ampliando as horas de trabalho. Esses profissionais, dependendo da estratégia adotada, podem atingir receitas brutas de até R$ 12 mil por mês.

Que tipo de conhecimento ou habilidade você acha essencial e que você daria de dica para outros gestores de apps regionais?

Primeiramente, o gestor de um aplicativo de mobilidade precisa ser resiliente. Este não é um mercado fácil de atuar, e experiência prévia, seja como gestor em outras áreas ou como motorista, não garante sucesso na gestão de um aplicativo. É necessário encarar um processo de aprendizado constante, que envolve erros e acertos.

Para chegar ao estágio atual, com mais de quatro anos de mercado, cometemos muitos erros, mas também aprendemos bastante, o que nos permitiu identificar os caminhos para superar desafios. É exatamente esse conhecimento que pretendemos oferecer por meio do nosso produto de licenciamento de marca, auxiliando novos empreendedores da Win Cars com orientações claras e estratégias já testadas.

A resiliência é fundamental, pois os desafios são grandes. Não é fácil competir com as grandes operadoras e players multinacionais, especialmente em cidades maiores, com 150 mil ou 200 mil habitantes, onde o domínio deles é ainda mais significativo. É crucial atender minimamente às demandas dos motoristas, sem deixar de respeitar as necessidades dos passageiros. Essa engrenagem precisa funcionar bem para que o negócio tenha sucesso.

Gerir um aplicativo de mobilidade é diferente de administrar um negócio convencional, como uma cafeteria, onde o foco está em agradar um único tipo de cliente. No setor de mobilidade, o gestor tem dois públicos para atender: o motorista, que é o primeiro cliente, e o passageiro, que é o segundo. É uma tarefa desafiadora, pois ambos os lados precisam ser satisfeitos para que o modelo funcione.

Além disso, quem entra nesse mercado precisa estar ciente de sua complexidade. Não é um negócio fácil ou simples, e quem acredita nisso corre o risco de se frustrar. Resistir aos desafios dos primeiros dois a dois anos e meio é essencial; quem conseguir superar esse período tende a prosperar na cidade onde investiu. É um mercado desafiador, mas com estratégias bem definidas e persistência, o sucesso é alcançável.

Quais são as suas expectativas para o ano de 2025? Você mencionou a intenção de melhorar os resultados. Quais são as projeções em termos de crescimento e faturamento? O que vocês esperam alcançar neste ano?

Com a consolidação do aplicativo na cidade, esperamos alcançar pelo menos um aumento de 60% na nossa receita este ano, independentemente do projeto de expansão. Naturalmente, com a implementação do projeto de expansão, acreditamos que o retorno será ainda maior em 2026.

Como mencionei, consideramos 2025 o nosso ano da virada. Já acumulamos diversas experiências no mercado, atuando em cidades grandes, médias e pequenas, competindo com táxis, e até operando em um aeroporto de uma grande cidade como Joinville. Essas vivências nos deram a bagagem necessária para entender o mercado e identificar as estratégias mais eficazes.

Este será o ano em que daremos o próximo passo, com o objetivo de aumentar o faturamento em pelo menos 60% por meio das estratégias planejadas. Além disso, pretendemos iniciar o processo de expansão ainda este ano, criando a base para, em 2026, expandirmos com força para outros estados e cidades do Brasil.

Pesquisar