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Center Táxi: “Ticket médio é de R$60 e corrida mínima de R$14,99”

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Center Táxi. Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal.

Aplicativo criado em São Paulo expande operações e cobra 90 centavos por corrida finalizada, além de uma taxa de 9%.

Kevin Meira, gestor e fundador do aplicativo Center Táxi, conta que sua história com os carros começou com seu avô, motorista de táxi na capital paulista, dono de um ponto no Expo Center Norte, sede de alguns dos principais eventos e feiras anuais de São Paulo.

Dessa forma, Kevin iniciou com as corridas em 2012, até que, em 2019, decidiu criar sua própria plataforma para reunir todos os taxistas e clientes em um só lugar. Porém, por conta da pandemia, decidiu adiar o lançamento do projeto.

Até que, em abril deste ano, retomou a ideia e decidiu investir no aplicativo: “Nós já tínhamos um ponto com 450 carros. A gente já tinha um público que estava saindo das feiras, pegando carros de saída, tudo funcionando dentro do pavilhão. Então, por exemplo, numa feira grande, fazemos de 4 a 5 mil corridas em um dia. É tudo corrida que o pessoal precisa chegar de alguma forma no pavilhão e vai embora com a gente”.

“Carros e motoristas já tínhamos. O que nos faltava era criar a coragem e correr atrás de uma solução, de diversificação, para um serviço mais digital. Tudo o que fizemos foi transferir para o digital”, diz o gestor.

Atualmente, o Center Táxi conta com 1.400 motoristas cadastrados. Em outubro, realizaram 192 corridas, gerando um faturamento de R$15.800. Sobre o modelo de cobrança, Kevin explica:

“A gente atua no valor percentual. Hoje, cobramos 90 centavos por corrida finalizada, além de uma taxa de 9%. Já investimos mais de R$90 mil no projeto.”

A ideia do aplicativo era unir os dois universos, tanto do ponto fixo quanto da demanda de clientes?

O aplicativo foi criado para expandir nossa participação no mercado, já que antes estávamos concentrados apenas em um único ponto de saída, especialmente durante os dias de evento.
Realizávamos corridas em apenas 18 ou 20 dias por mês, dependendo do calendário de eventos.

Hoje, conseguimos operar diariamente, atendendo clientes constantemente. O Expo ainda é nosso principal “call-check”, mas agora funcionamos 24 horas por dia, sem interrupção, mesmo após o término dos eventos.

Como funciona a aprovação de motoristas no aplicativo? Quais são os requisitos para vocês trazerem esses motoristas?

Hoje, praticamente não enfrentamos dificuldades para encontrar motoristas ou carros. No início, era algo mais orgânico, com motoristas que já estavam conosco realizando uma, duas ou três corridas. Não houve grandes desafios nesse processo. Os requisitos para os motoristas incluem, obrigatoriamente, o set-up, uma carteira de habilitação válida e outros documentos em dia. Esse filtro básico foi suficiente para estruturar o início da operação.

No começo, contamos com cerca de mil motoristas, a maioria já conhecida por nós devido à nossa experiência de mais de 40 anos no setor. Esse marco foi alcançado em apenas 90 dias. Após ultrapassarmos a marca de mil motoristas, adotamos uma estratégia de indicação: pedimos que cada motorista convidasse um ou dois amigos para conhecer a plataforma. Em cinco meses de operação, alcançamos um total de 1.400 motoristas.

Você acredita que, como aplicativo, o faturamento dos motoristas cresceu? Se sim, comente um pouco sobre isso.

Com certeza houve crescimento, pois os motoristas agora têm uma nova opção para realizar seu trabalho. No nosso modelo tradicional, eles pagam uma mensalidade para utilizar toda a nossa infraestrutura, incluindo logística, funcionários e outros serviços, garantindo uma renda fixa com esse formato. Já no aplicativo, eles têm a liberdade de operar sem qualquer tipo de vínculo ou mensalidade.

Os motoristas podem realizar corridas conforme a demanda, e o único custo adicional que têm é com o pacote de dados, algo que já utilizam para outros aplicativos como o 99 ou outros semelhantes. Essa flexibilidade do aplicativo veio, sem dúvida, para aumentar a receita e viabilizar ainda mais o trabalho dos motoristas.

Vocês trabalham com valor de corrida mínima e tarifa dinâmica? No caso da dinâmica, ela funciona como bandeiras?

Nossa taxa mínima no aplicativo é de R$14,99, arredondada para R$15,00. Em relação à bandeirada, temos valores semelhantes aos do taxímetro em algumas cidades. Por exemplo, na cidade de São Paulo, a bandeirada tem um valor inicial de R$6,00.

Na bandeira 1, são contabilizados tanto a distância percorrida quanto o tempo, resultando em um valor aproximado de R$4,60 por quilômetro rodado. Já na bandeira 2, o valor aumenta para cerca de R$5,50 por quilômetro, também considerando o tempo no cálculo.

Como foi o crescimento de vocês ao longo de 2024?

Os programas de incentivo foram implementados para atender à necessidade de acompanhar o crescimento constante dos nossos números. Estamos recebendo novos passageiros todos os dias e, nos últimos 30 dias, conseguimos atingir 251 corridas, gerando um faturamento total de R$15.800. Deste valor, aproximadamente 10% ficam como comissão, dependendo da corrida.

Esse processo foi um aprendizado enriquecedor, especialmente no que diz respeito à gestão de pessoas e à necessidade de investimento em marketing e estratégias de tráfego. Tivemos que ajustar as melhores práticas à realidade de São Paulo, que é muito diferente de outras regiões.

Enquanto o ticket médio de outras centrais pode variar entre R$15 e R$25, o nosso é de R$60, o que exige uma abordagem personalizada, incluindo adaptações na plataforma para atender perfeitamente às nossas necessidades locais.

Estamos sempre atentos às demandas dos clientes, promovendo o aplicativo em eventos como o Expo para atrair mais passageiros. Em eventos médios, como feiras no Expo, conseguimos gerar até 3 mil corridas, e o objetivo é trazer parte desse público para usar nossos serviços regularmente, mesmo fora dos eventos.

O aprendizado nesse período foi marcado por amadurecimento e crescimento, com foco em aumentar as corridas, equilibrar os custos e oferecer mais oportunidades aos motoristas, incluindo taxistas. O investimento contínuo tem sido essencial para fortalecer nosso negócio e atender às demandas de passageiros e motoristas.

Vocês acreditam que, ao adotar essa estratégia, estão conseguindo fidelizar mais os clientes?

Sim, acredito que estamos fazendo um bom trabalho, fruto de 40 anos de experiência no setor. Sempre priorizamos a qualidade do serviço, do atendimento e do funcionamento da plataforma, pois não gostamos de nada que fuja do padrão de excelência. Esse cuidado tem nos permitido fidelizar clientes, com muitos utilizando nossos serviços pelo menos três ou quatro vezes por semana.

É comum vermos os mesmos nomes repetidos nas corridas, o que nos deixa muito satisfeitos com os resultados alcançados.

Estamos investindo nossos próprios recursos para melhorar ainda mais, e os resultados têm sido bastante satisfatórios. Esses seis meses de operação nos deram uma boa base para conhecermos a plataforma e entender o mercado. A expectativa é que, no próximo ano, possamos alcançar um crescimento ainda mais exponencial.

Que tipo de conhecimento ou habilidade você acredita que é essencial para um gestor de aplicativo de transporte?

Eu acredito que é fundamental termos um contato próximo e compreender as demandas das pessoas. No final das contas, nosso trabalho não se resume a corridas ou táxis; nosso verdadeiro foco está nas pessoas. Nossa principal atividade é a gestão de pessoas.

O desafio é garantir que os motoristas trabalhem de forma correta, alinhados com os interesses da categoria e do aplicativo. No final, o aplicativo não é apenas nosso. Nós assumimos o risco, fizemos o investimento, mas ele pertence aos taxistas, ao time do Expo Center Norte e ao mercado de táxi como um todo.

Por isso, considero que a habilidade social e a inteligência emocional são qualidades indispensáveis para o sucesso. Esses atributos nos ajudam a liderar, conectar e adaptar nossas ações às necessidades do mercado. Pessoalmente, tenho aprendido e evoluído muito nesse sentido, dia após dia.

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