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Samuel: “Motorista de app faz R$ 300 mil por ano mas a que custo real, e qual é o verdadeiro lucro?”

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Opinião
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Homem sorridente fazendo sinal de positivo com o polegar dentro de um carro. Ele usa uma camisa polo rosa.
Foto: Samuel de Almeida para 55content

Samuel diz que o faturamento anual de R$ 300 mil impressiona, mas a rotina exaustiva e os custos com gasolina e manutenção reduzem o lucro real do motorista de app, Munir Saad Orra.

Por Samuel de Almeida

Munir Saad Orra, motorista de aplicativo em São Paulo, impressiona pelo alto faturamento: R$ 300 mil em um ano. Ele relata uma média diária de R$ 700, com dias em que esse valor chega a R$ 1.000. No entanto, esses números têm um custo alto: jornadas que chegam a 16 horas diárias, das 3h da manhã às 21h, exigindo resiliência e comprometimento em um ritmo exaustivo. A história de Munir nos faz refletir sobre os limites e desafios que acompanham o trabalho autônomo no Brasil, especialmente no setor de transportes.

Enquanto muitos enxergam o potencial financeiro das plataformas de transporte, como a Uber, Munir faz um alerta valioso: trabalhar como motorista de aplicativo não deve ser visto como um plano de carreira de longo prazo. Ele observa que, ao contrário de uma empresa tradicional, onde há espaço para desenvolver novas habilidades e subir profissionalmente, na Uber, mesmo após anos, o motorista apenas se torna mais familiarizado com as rotas. Esse ponto levanta uma questão importante: como a falta de desenvolvimento profissional impacta os trabalhadores de aplicativos no futuro?

A flexibilidade oferecida pela Uber, que permite moldar os horários, é sem dúvida um atrativo, mas também pode ser um “presente envenenado.” Munir aproveita essa flexibilidade para maximizar seus ganhos, mas sabe que é essencial utilizar essa vantagem com consciência. Ele sugere que motoristas direcionem parte dos ganhos para a educação, seja em uma faculdade, curso técnico ou projeto pessoal. Assim, eles conseguem ter mais opções e perspectivas de futuro, além do imediatismo do ganho diário.

Outro aspecto relevante é o impacto do trabalho prolongado na saúde. Munir compartilha que, no passado, chegou a cochilar enquanto dirigia devido ao cansaço extremo, uma situação perigosa tanto para ele quanto para seus passageiros. Hoje, ele controla melhor seu descanso, mas sua experiência serve como um alerta: jornadas longas podem comprometer a segurança, e o limite físico do corpo precisa ser respeitado. Em profissões exaustivas como essa, a saúde e o bem-estar são aspectos que não devem ser ignorados.

Por fim, o exemplo de Munir deixa claro que, para além dos impressionantes números de faturamento, é essencial que motoristas façam uma análise financeira aprofundada. Não basta focar apenas no valor bruto ganho diariamente; é crucial entender e contabilizar os custos operacionais, como combustível, manutenção e, para muitos, o aluguel do veículo. Somente com essa visão completa é possível ter uma real noção do lucro — e garantir que o esforço investido valha a pena.

A história de Munir é uma inspiração para muitos, mas também um convite à reflexão. O caminho para o sucesso financeiro pode ser exaustivo e cheio de sacrifícios, especialmente em profissões que exigem muito do físico e do emocional. Para os que almejam altos rendimentos, é necessário ter em mente que, sem planejamento, cuidado com a saúde e objetivos a longo prazo, o custo pode ser mais alto do que o ganho.

Quem é Samuel de Almeida?

Em 2017, Samuel começou sua jornada como motorista de aplicativo, inicialmente pela Uber e, mais tarde, também pela 99. Durante esse período, percebeu a importância de compartilhar informações úteis com outros motoristas, especialmente sobre a profissão e questões de segurança. Desde então, ele segue ativo nesse setor, equilibrando suas corridas com a produção de conteúdo para o YouTube e outras redes sociais, como Instagram e TikTok, onde relata suas vivências no dia a dia de motorista de app, incluindo experiências com Uber, 99 e inDrive. Atualmente, Samuel se dedica tanto ao trabalho nos aplicativos quanto à criação de conteúdo, consolidando-se como uma referência na área.

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