Motoristas de aplicativo buscam realizar serviços particulares em busca de maiores ganhos, mas ainda esbarram em questões legais.
Nos últimos anos, os aplicativos de transporte revolucionaram a mobilidade urbana, oferecendo uma fonte de renda flexível para milhares de motoristas.
No entanto, a dependência dessas plataformas pode ser problemática devido a questões como baixas tarifas líquidas, alta competitividade e incertezas quanto à estabilidade de renda. Alguns motoristas estão buscando maior autonomia e estabilidade financeira ao migrar para o serviço de motorista particular, onde podem estabelecer suas próprias tarifas e horários, além de construir uma base de clientes fiéis. No entanto, esbarram em aspectos legais e de segurança.
O motorista e influenciador Cláudio Sena encontrou um novo caminho como referência neste setor. Ele compartilhou sua experiência de transição e os fatores que impulsionaram sua carreira como motorista particular.
A jornada de Cláudio começou na plataforma Uber, onde rapidamente notou sinais preocupantes de mudanças que prejudicariam os motoristas. “Um ano depois de começar na Uber, percebi que as primeiras mudanças feitas pela plataforma indicavam um futuro sombrio para aquela atividade”, comentou Cláudio. Essa preocupação o motivou a buscar alternativas mais estáveis e lucrativas, resultando na sua transição para o serviço de Transfer Executivo em 2019.
O segredo do sucesso de Cláudio como motorista particular reside em sua dedicação ao profissionalismo e à qualidade do serviço. Ele relata: “Apesar de a Uber não dar a mínima para seus motoristas e, com o passar do tempo, desmerecer o trabalho desempenhado por eles, eu mantive meu padrão de atendimento inicial, pautado no profissionalismo acima de tudo.”
Essa abordagem resultou em uma base de clientes que valorizam a experiência superior oferecida por Cláudio. A maior parte de sua clientela veio de encontros fortuitos através da Uber, com os clientes iniciando o contato para futuros serviços privados após serem impressionados por sua abordagem durante as corridas: “Jamais usei cartão de visitas ou lhes ofereci meu serviço. A iniciativa de pedir contato para atendimento particular sempre partiu dos clientes, após elogios à viagem feita comigo através do app. E por que esses clientes fazem isso? Porque sabem que a experiência vivenciada naquela viagem não é comum nos aplicativos.”
Quando questionado sobre as vantagens e desvantagens de sua nova carreira, Cláudio foi claro: “Desvantagem mesmo, nenhuma. Mas vantagens são imensas!” Ele destacou as diferenças nos ganhos, citando um exemplo: “Receber R$ 140,00 por uma viagem que na Uber renderia R$ 62,00 não tem preço!” Além disso, ele aprecia a redução do estresse, a segurança aumentada no trabalho e a possibilidade de estabelecer relações mais pessoais e confiáveis com seus clientes.
“Quando alguém me pede um orçamento de viagem e reclama que meu preço está maior que o Uber Black, minha resposta é: ‘Tem razão. É mais caro mesmo. Recomendo ao senhor pedir um Uber. Vai ser mais barato.’ Não faço questão de atender clientes assim. Mas 99% não questionam o valor, pois valorizam segurança, profissionalismo, conforto, comodidade, praticidade e confiança. A Uber não oferece nada disso.”
Em relação ao futuro, Cláudio prefere manter o foco na qualidade e na manutenção de um serviço personalizado, ao invés de expandir seu negócio para uma empresa maior. Ele explora outros interesses e investimentos, permitindo que mantenha uma flexibilidade em sua carreira sem renunciar a outras oportunidades.
Fernando Floripa, motorista e influenciador da categoria, também possui experiência como motorista particular.
Desde o início, Fernando diz que sempre priorizou a qualidade e o bom atendimento. “Eu sempre valorizei a qualidade e o bom atendimento. Sempre mantive o carro limpo, pois gosto de carro; acredito que isso contribui para o bom estado do veículo, mantendo-o sempre limpo e cheiroso”, explicou ele. Suas ações iniciais incluíam oferecer balas, disponibilizar álcool em gel (mesmo antes da pandemia) e fornecer carregadores para celulares, além de placas com frases motivacionais. Essas pequenas atenções ao detalhe não apenas diferenciavam seu serviço, mas também começaram a atrair demanda por serviços particulares, à medida que os passageiros percebiam o declínio na qualidade dos serviços oferecidos por grandes aplicativos.
Fernando detalhou como construiu sua base de clientes: “Trabalhando apenas com aplicativos no início e, mais tarde, com a ajuda de um grupo de amigos motoristas.” Ele e seus colegas formaram uma rede de apoio mútuo, encaminhando clientes uns aos outros quando não estavam disponíveis. Este método, além do famoso boca a boca, permitiu que Fernando mantivesse um fluxo constante de clientes.
Segundo o influenciador, as vantagens da mudança para o transporte particular são muitas, principalmente em termos de ganhos financeiros. “A principal vantagem é automaticamente o ganho. Quando você elimina o intermediário, passa a ganhar mais”, afirmou Fernando.
Além disso, ele mencionou a possibilidade de oferecer um serviço personalizado de alta qualidade, preparando-se com comodidades adicionais como coolers com bebidas, que elevam a experiência do cliente.
“Agora, eu só recebo o valor que o passageiro pagaria ao aplicativo. Além disso, por oferecer um serviço diferenciado, estando à disposição com o carro no dia e horário desejados pela pessoa, preparado, a qualidade do serviço se eleva. Nessas horas, fica a dica de investir ainda mais em qualidade, especialmente no atendimento particular. Por exemplo, quando atendo um cliente particular, chego com um cooler, água, refrigerante e, às vezes, cerveja, dependendo do perfil do passageiro. Assim, estou preparado para oferecer um serviço superior ao que prestava pelo aplicativo, para encantar o cliente. Isso porque é a “hora da verdade”: por que a pessoa me contrataria em vez de contratar o vizinho? Se ambos têm carro e oferecem praticamente o mesmo serviço, o diferencial está na qualidade do que você entrega. Por isso, você começa a entregar muita qualidade e, consequentemente, seu preço também sobe.”
Por outro lado, Fernando alertou sobre as desvantagens, ele destacou a questão da legalidade das corridas, que requer um registro apropriado para evitar problemas legais: “É preciso cuidado com isso; muita gente não se atenta e acha que basta colocar o passageiro no carro e fazer a corrida, esquecendo-se de que é um transporte ilegal de passageiros”. Para ele, uma solução prática seria utilizar um aplicativo regional que permita o cadastro imediato das corridas.
A seleção de passageiros apresenta outro desafio. Diferente dos aplicativos convencionais, que realizam uma checagem mínima de antecedentes dos usuários, o serviço particular pode inadvertidamente expor o motorista a riscos maiores. “É crucial ter cuidado com a segurança, avaliando quem está contratando você e de onde essa pessoa vem”, aconselha Fernando.
Além disso, a necessidade de seguro próprio para acidentes pessoais é mais uma barreira. “É recomendável que o motorista particular contrate seu próprio seguro, pois quando a corrida é feita por aplicativo, geralmente o seguro já está incluído”, explicou. Sem o suporte de grandes empresas como Uber ou 99, os motoristas particulares devem investir em seu próprio seguro, o que pode ser um custo adicional, embora relativamente baixo, menos de R$ 100 por ano, segundo o influenciador.
Olhando para o futuro, Fernando expressou seu desejo por maior autonomia para os motoristas. “Meu sonho seria que o governo simplificasse a vida do motorista de aplicativo e permitisse que ele trabalhasse de forma independente e autônoma”, comentou ele, referindo-se às propostas legislativas em debate que poderiam impactar sua capacidade de operar de forma independente. Atualmente, ele considera alternativas como adquirir uma placa vermelha para operar como táxi executivo ou participar de uma cooperativa de motoristas que permitiria uma maior independência dos aplicativos.
Usuários buscam conforto e exclusividade
A equipe do 55content conversou com a passageira Júlia Marsan, que usa o transporte executivo com regularidade.
Para Júlia, a segurança é a principal razão pela qual ela opta por motoristas particulares. “Moro distante dos lugares onde geralmente minhas atividades se localizam, então preciso pegar estradas para viagens mais longas”, explica Júlia. Ela destaca como se sente mais segura podendo dormir tranquilamente no banco de trás, especialmente em viagens noturnas, uma preocupação agravada pelos relatos de assédio e sequestro envolvendo motoristas de aplicativos. A confiabilidade do motorista particular, com quem ela tem familiaridade, elimina a ansiedade de depender de estranhos em situações vulneráveis.
Além da segurança, a conveniência de poder agendar viagens com antecedência é um fator relevante para Júlia, especialmente dada a distância entre sua casa e seus compromissos. Ela aprecia a capacidade de planejar suas viagens sem depender da disponibilidade ou da vontade dos motoristas de aplicativo, que frequentemente cancelam ou recusam corridas longas ou tardias.
Júlia também valoriza o conforto e a personalização oferecidos pelo seu motorista particular. O carro, além de ser confortável e blindado, está sempre equipado com amenidades como ar-condicionado, bebidas em um cooler e até lanches em viagens mais longas. “Ele é muito atencioso conosco; não sei se essa é uma experiência exclusiva minha e da minha família, mas vejo muitas vantagens nisso”, diz Júlia.
Embora reconheça que o custo de um motorista particular possa ser maior — até dez vezes mais caro que um serviço de aplicativo — Júlia considera que a escolha vale a pena em certas circunstâncias. Ela está disposta a pagar mais por uma experiência de viagem segura, confortável e conveniente, especialmente quando se dirige a locais mais distantes ou potencialmente perigosos, ou quando precisa de flexibilidade para partir a qualquer momento.
Mariana Hummel também é usuária regular do serviço de transporte particular executivo, especialmente quando se trata de sua segurança e comodidade. Ela enfatiza a importância de um serviço confiável e personalizado em suas decisões de transporte.
Para Mariana, a segurança é a principal motivação ao escolher motoristas particulares. “Eu me sinto mais segura em voltar de uma balada, por exemplo, no meio da madrugada, com alguém que eu conheço, que os meus pais conhecem e têm uma maior confiança do que um motorista qualquer pedido por aplicativo”, explica Mariana. Ela valoriza a tranquilidade de estar em um veículo com uma pessoa de confiança, cuja história e caráter são conhecidos por ela e sua família, ao invés de arriscar-se com um estranho, mesmo que este tenha sido verificado por um aplicativo.
Além da segurança, Mariana aponta a confiança e o serviço personalizado como grandes vantagens dos motoristas particulares. “Em primeiro lugar, a segurança, em segundo lugar, a confiança de já conhecer o trabalho e, em terceiro, até a prioridade que o motorista dá por conhecer você e a sua família”, destaca. Ela aprecia o fato de que, mesmo em dias agitados, seu motorista particular faz esforços para acomodá-la em sua agenda, garantindo que ela possa retornar para casa ou chegar a seus compromissos de forma segura e pontual.
Embora reconheça que o custo de um motorista particular é maior em comparação com os serviços de aplicativo, Mariana considera que as vantagens superam esse obstáculo financeiro. “Na verdade, essa questão dos valores para mim é a maior desvantagem, porque eles acabam sendo mais caros, mas é exatamente por esse trabalho mais exclusivo”, afirma. Para Mariana, pagar um pouco mais é um preço justo pela segurança aumentada e pelo serviço mais atencioso e confiável que recebe.
Advogada aponta ilegalidade no serviço
A equipe do 55content conversou com a advogada Sol Corrêa sobre a legalidade de transportar passageiros sem a intermediação de uma plataforma, como a Uber e a 99. Ela respondeu que é ilegal:
“Atualmente, toda a regulamentação sobre transporte é de competência federal. Isso significa que somente a União pode legislar sobre o assunto, embora possa delegar certas responsabilidades aos municípios. Se alguém quiser operar serviços de transporte de pessoas ou cargas, deve haver uma lei específica autorizando essa atividade. Caso contrário, realizar essas atividades sem amparo legal é considerado ilegal.”
“Existem aspectos delicados na legislação atual, como a privacidade dos passageiros e a segurança das informações. Por exemplo, é problemático para a segurança que os motoristas saibam quem criticou seus serviços, bem como seus dados pessoais. Outra questão sensível é permitir que qualquer pessoa possa usar seu próprio veículo para transportar passageiros, o que envolve riscos. Estamos falando de pessoas e vidas”, completa a advogada.
Empresa cria ferramenta para motoristas particulares
Luis, o CEO do aplicativo IDN Network e especialista no mercado de transporte particular executivo, compartilhou com a equipe do 55content sua visão para o transporte particular executivo, focando na autonomia dos motoristas e no controle completo sobre suas operações.
Luis começou explicando o conceito por trás do IDN Network, uma plataforma que permite aos motoristas converter clientes de serviços como o Uber em clientes privados, garantindo total controle sobre suas operações. “Isso (transporte particular executivo) é uma tendência que vai só crescer, principalmente quando os motoristas descobrirem o aplicativo IDN Network, que basicamente ajuda motoristas a pegar clientes da Uber para si próprios e trabalhar de forma privada, tendo 100% de controle sobre o negócio deles”, afirmou Luis. Ele ressaltou que a plataforma foi criada para oferecer opções e flexibilidade, permitindo que cada motorista configure sua conta da maneira que considerar melhor.
Luis também discutiu os desafios enfrentados pelos motoristas sob os modelos tradicionais. Ele compartilhou um exemplo da realidade na Austrália e Nova Zelândia, onde ele cresceu e mantém contatos com vários motoristas. “80% dos motoristas, principalmente para aquelas corridas que são longas, vão estar falando para a pessoa, quanto que deu aí no aplicativo da Uber? 100 dólares, tranquilo, beleza. Você me paga 90 dólares”, explicou ele, ilustrando como os motoristas estão reduzindo suas tarifas para se tornarem mais competitivos e evitarem as comissões pesadas dos aplicativos.
Luis criticou duramente a forma como empresas como a Uber impactaram o mercado. “A Uber quebrou a indústria”, disse ele, explicando como a promessa inicial de melhoria das condições dos motoristas acabou por piorar e desestabilizar o mercado existente. Ele argumentou que, enquanto a Uber controla os clientes e impede o contato direto entre motoristas e passageiros, seu aplicativo IDN permite que os motoristas construam sua própria carteira de clientes, oferecendo uma alternativa genuína ao modelo dominante.
“A Uber tem controle dos clientes e é por isso que ela não deixa o contato, mostrar o contato para o motorista. Eles falam que é questão de privacidade, mas isso é mentira. A realidade é que eles não querem que motoristas comecem a pegar contato dos clientes para começar a trabalhar no privado. Eles dificultam aquele processo com isso. Porque quem tem o controle dos clientes, tem o controle de tudo ali. E é por isso que a gente incentiva os motoristas a trabalhar no privado e construir a sua própria carteira de clientes.”
A visão de Luis para o futuro do transporte é clara: ele acredita que os motoristas devem ser incentivados a trabalhar de forma independente, construindo e gerenciando suas próprias carteiras de clientes. “O aplicativo da IDN Network é como se cada motorista tivesse a sua própria Uber, de uma maneira fácil de entender”, explicou Luis. Ele destacou que, na IDN, os motoristas não pagam comissão, sublinhando que se um motorista trabalha para capturar seus próprios clientes, esses clientes devem pertencer exclusivamente a ele, não à plataforma.
O CEO também expressou sua opinião sobre o direito de trabalhar de forma independente, algo que ele vê como fundamental. “E eu acredito que seja ridículo pensar que em algum lugar do mundo haja alguma lei que diga que você não pode trabalhar por conta própria. Se esse for o caso, não há mais governo”, afirmou Luis. Ele argumenta que, se um governo ou legislação local impede os motoristas de operarem de forma autônoma, isso reflete uma falha governamental, mais inclinada a proteger interesses corporativos do que os direitos dos cidadãos.
“Se esse for o caso na sua cidade, não é questão de protestar contra aquela corporação. É questão de protestar contra o governo para que não criem leis que tirem seus direitos básicos, como a escolha do que você quer fazer e como quer fazer. Trabalhar por conta própria é um direito básico que não pode ser retirado das pessoas. Se o direito de trabalhar por conta própria, que seria o registro de microempreendedor individual (MEI), parar de ser uma opção, não haverá mais escolha. Basicamente, nesse caso, eu recomendaria a todos sair de casa e protestar vigorosamente contra o governo. Porque aquela cidade já não tem mais um governo efetivo, quem está mandando lá é um monopólio que só quer se beneficiar.”
Luis recomenda que todos os motoristas, não importa onde estejam no mundo, façam uma investigação detalhada sobre os requisitos legais para operar como motoristas particulares independentes. “Pesquise o que é necessário para trabalhar como motorista particular independente, essas são as palavras exatas, por conta própria”, aconselha Luis. Ele sugere uma abordagem direta: visitar a prefeitura local ou o órgão regulador da indústria de transportes e explicar claramente suas intenções e operações.
Luis detalha um método eficaz para que os motoristas obtenham as informações corretas: “Quero trabalhar por conta própria. Tenho, digamos, dez clientes na agenda do meu telefone que, volta e meia, me ligam pedindo para levá-los do ponto A ao ponto B. Quero saber que tipo de registro preciso.” Esta abordagem simples e direta, segundo Luis, facilitará que os órgãos governamentais forneçam as diretrizes necessárias para o registro adequado e legal da atividade.
Importante destacar que Luis explica que o sistema usado para gerenciar a carteira de clientes é irrelevante para o registro legal. Seja utilizando o WhatsApp, a agenda do telefone ou o sistema IDN, o que importa são as transações e a maneira como o motorista organiza seu negócio. “Você pode trocar esse sistema a qualquer momento”, enfatiza Luis. Isso proporciona uma grande flexibilidade, permitindo que os motoristas escolham as ferramentas que melhor se adaptam às suas necessidades e preferências.
Luis reforça que, independentemente dos sistemas usados para gerenciar os clientes, o que realmente importa é como os motoristas estabelecem seus preços e realizam seus serviços. “Como você vai calcular a corrida ou como vai administrar, enfim, isso é seu negócio, você decide, isso fica entre você e o cliente”, afirma. Essa autonomia é central para o modelo que Luis defende, pois permite aos motoristas a liberdade de operar como empresários independentes, focando no serviço ao cliente sem a interferência de terceiros.
Por fim, o empresário dá mais detalhes sobre a sua plataforma. De acordo com ele, o IDN Network é projetado para automatizar e simplificar várias tarefas que tradicionalmente consumiriam tempo dos motoristas. Luis detalha como o aplicativo automatiza interações comuns com clientes, como enviar preços calculados a partir da distância entre a localização atual do motorista e o destino do cliente, e mostrar a localização do motorista antes do agendamento. “Isso permite que você se concentre em capturar clientes da Uber para sua carteira no IDN Network e passar informações sobre como eles podem agendar com você”, explica Luis.
O sistema IDN é composto por dois aplicativos distintos destinados aos clientes: IDN Public e IDN Private. No IDN, que é parte da versão gratuita do serviço, os clientes podem receber cotações de vários motoristas. Em contraste, o IDN Private, que faz parte da versão Premium paga, oferece aos clientes uma experiência mais exclusiva, onde recebem cotações apenas do motorista escolhido. Luis enfatiza a importância dessas opções, destacando como elas permitem aos motoristas personalizar a experiência do cliente.
Luis descreve o processo de configuração do IDN Network como intuitivo e adaptável. “Depois de criar uma conta e inserir todas as informações sobre seu negócio, você configura a ferramenta da maneira que achar melhor”, diz ele. Uma vez configurado, o sistema facilita a interação com os clientes: ao receberem uma solicitação de corrida, os motoristas podem enviar cotações automaticamente conforme configurado previamente. Se o cliente aceitar a cotação, o sistema notifica o motorista, que pode então confirmar e completar a corrida.
Para novos usuários, Luis recomenda um método prático para entender completamente as funcionalidades do IDN Network: baixar os aplicativos IDN Public, parte da versão gratuita, e IDN Private, da versão Premium. Ele sugere fazer um teste de corrida com si próprio para experimentar de primeira mão a eficácia do sistema. “Assim, você entenderá 100% como funciona”, garante Luis.
Visão das Plataformas
A equipe do 55content entrou em contato com a Uber, 99 e inDrive perguntando se estas plataformas apoiam os motoristas que desejam maior independência ou que optam por trabalhar como particulares, e se existem planos para ajustar as políticas para reter motoristas diante dessa tendência dessa transição.
A inDrive respondeu: “Atualmente, no mercado de apps de transporte, a inDrive tem o sistema que melhor representa autonomia no trabalho e liberdade de escolha dos motoristas parceiros, por promover um sistema P2P entre usuários. A tendência, portanto, se aplica a plataformas em que a livre negociação não é uma característica nativa. O próprio modelo de negócio da inDrive incentiva a liberdade dos motoristas e promove um cenário de mais autonomia na indústria de mobilidade.”
Já a 99 respondeu, em nota, sobre o DriverLAB:
“Lançado em abril de 2022, o centro de inovação da 99 focado em soluções para motoristas parceiros, tem como objetivo investir em ações para reduzir custos operacionais e aumentar os ganhos dos parceiros proporcionando benefícios para o seu dia a dia. Suas ações geraram uma economia de R$ 10 milhões de reais para os condutores em apenas um ano e tem como meta proporcionar um investimento de R$ 250 milhões na área até 2025.
Desde a sua criação, foram direcionados investimentos para ações exclusivas como o Cola com a 99, que seleciona condutores para adesivarem seus carros com a marca da 99, recebendo incentivos semanais diretamente na carteira do motorista. Ao todo, esses e outros programas promoveram uma redução de custos operacionais de mais de R$ 18 milhões aos motoristas parceiros.
O DriverLAB também é responsável pelo desenvolvimento da Aliança pela Mobilidade Sustentável, que reúne, além da 99, outras 16 empresas do ecossistema de mobilidade urbana, transporte e infraestrutura elétrica, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do futuro do transporte, tornando as cidades áreas mais inteligentes, verdes, sustentáveis e seguras, a partir da democratização do uso de carros eletrificados.
A coalizão, em seu comprometimento contínuo com o avanço da mobilidade elétrica, tem realizado investimentos significativos em tecnologia e infraestrutura para facilitar a venda e locação dos veículos elétricos. Em um breve histórico, a chegada da Dahruj Rent a Car, em outubro de 2022, foi responsável pela aquisição e disponibilização para locação de 300 D1s, veículos 100% elétricos desenvolvidos pela BYD, que estão continuamente nas ruas de São Paulo. Já em fevereiro de 2024, a 99, a BYD e o Santander anunciaram uma parceria para incentivar a adoção de carros elétricos por motoristas de aplicativo, buscando disponibilizar condições especiais para o Dolphin Mini (modelo recém-lançado pela montadora chinesa), proporcionando aos motoristas parceiros o acesso a automóveis mais acessíveis e sustentáveis.”
A Uber, por sua vez, ainda não respondeu nossa solicitação até o momento de publicação desta matéria.